5 escritores que apoiaram a ditadura militar (em algum momento da vida)

Durante o período de instalação da ditadura militar no Brasil, a partir de 1964, diversos intelectuais e escritores manifestaram apoio ao movimento que depôs o então presidente João Goulart. Embora suas trajetórias sejam distintas, alguns dos nomes mais conhecidos da literatura brasileira estiveram, em diferentes graus, envolvidos com o regimo ou com instituições associadas a ele. A seguir, conheça cinco desses escritores:

Rubem Fonseca

Antes de se tornar conhecido pelo estilo policial em suas obras literárias, Rubem Fonseca atuou como comissário de polícia e trabalhou no Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) como chefe do grupo editorial e assessor de imprensa. O IPES foi um órgão patrocinado por setores empresariais e pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo de atuar contra o governo de João Goulart e justificar o golpe militar de 1964. O primeiro romance de Fonseca teve subsídio do IPES, e o autor manteve vínculo com a instituição até sua extinção, em 1972.

Rachel de Queiroz

Primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz ficou conhecida também por sua posição política favorável ao regime militar. Autora popular à época, ela ingressou nos quadros do IPES e chegou a se autointitular “fiadora do governo”, publicando artigos em que criticava João Goulart (Jango), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e exaltava presidentes como Castelo Branco e Emílio Médici. Durante o período ditatorial, Rachel de Queiroz foi nomeada delegada brasileira na Assembleia Geral da ONU, integrou o Diretório Nacional da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e passou a fazer parte do Conselho Federal de Cultura, ligado ao Ministério da Educação.

Gilberto Freyre

Sociólogo e autor da obra Casa-grande & Senzala, Gilberto Freyre mantinha relações próximas com o presidente Castelo Branco, primeiro presidente militar após o golpe de 1964. No mesmo ano, publicou um artigo no Diário de Pernambuco no qual defendia punição severa contra o que chamou de “ninhos comunistas” e participou de campanhas contra intelectuais considerados adversários políticos no estado de Pernambuco.

Guimarães Rosa

Autor de Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa recebeu, em 1965, o título de Comendador de Mérito Militar e, no ano seguinte, participou de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, órgão de apoio às decisões políticas do governo militar. Rosa também fez parte do Conselho Federal de Cultura, vinculado ao Ministério da Educação. Sua colaboração com o regime foi curta: faleceu em 1967, vítima de um infarto, aos 59 anos.

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna, escritor e dramaturgo, alinhou-se inicialmente às ideias nacionalistas e conservadoras promovidas pelo governo militar. Em artigo, declarou que seu apoio se devia à defesa do Brasil, e não a partidos específicos. Entretanto, com o passar do tempo, Suassuna tornou-se crítico da censura, do autoritarismo e do entreguismo, posicionando-se gradualmente como defensor da abertura política.

Esses casos ilustram como, em momentos de instabilidade política, escritores e artistas podem ocupar posições complexas, que nem sempre se limitam ao campo literário, envolvendo-se diretamente em disputas ideológicas e institucionais.

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