Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, diz que programas sociais dificultam redução da inflação no Brasil

     O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (11) que os programas sociais podem ser um dos motivos para a taxa Selic, mesmo alta, não conseguir fazer a inflação convergir para a meta desejada. A declaração foi feita durante palestra na Associação Comercial de São Paulo.

Galípolo citou que essas políticas, “que foram desenhadas como uma reação à covid e que permaneceram”, têm um “caráter mais progressivo, que tende a colocar mais dinheiro na mão da camada da população que tem uma propensão marginal a consumir mais elevada”. Ele não mencionou nenhum programa social específico.

O presidente do BC discutiu o tema ao tentar explicar por que, mesmo com juros elevados, a economia brasileira mantém um certo dinamismo. Segundo ele, esse fenômeno traz um efeito colateral: “há maior dificuldade para reduzir a inflação do que em outros países”. Ele ressaltou que “a gente não enxerga ainda as expectativas de médio e longo prazo produzirem uma convergência à meta como é desejado do ponto de vista do mandato do Banco Central”.

Os programas sociais no Brasil custam, atualmente, pelo menos R$ 387 bilhões por ano. A expectativa dos analistas do mercado financeiro para a inflação em 2025 é de 5,05%, conforme o Boletim Focus divulgado pelo BC nesta segunda-feira. Apesar das quedas seguidas nas estimativas por 11 semanas, a inflação permanece acima da meta oficial, que é de 3%, com teto em 4,5%.

Galípolo também comentou que as novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos aumentam a incerteza na economia global, sendo mais um fator para a manutenção dos juros em patamar elevado. Contudo, destacou que o Brasil “vai se machucar menos” em comparação ao México e outros países mais expostos à economia americana.

Ao falar sobre a pressão da sociedade em seu cargo, Galípolo fez uma analogia: “É como jogar na Bombonera com juiz duvidoso”, referindo-se ao estádio do Boca Juniors, na Argentina.

O presidente do BC ressaltou a importância do Pix ser administrado pela autoridade monetária. Segundo ele, se o sistema fosse gerido por entidades privadas, “sempre ficaria uma suspeita do ponto de vista de conflitos de interesse”. Galípolo observou que o uso de outros meios de pagamento cresceu significativamente desde o início da operação do Pix, em novembro de 2020, atribuindo esse crescimento à inclusão financeira proporcionada pelo sistema.

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