Ministro da Educação prestigia Prefeitura do Recife e agenda ignora Governo do Estado
Camilo Santana visita o Recife com foco em parcerias federais e municipais, sem confirmação de participação da governadora Raquel Lyra, o que acende alertas sobre o alinhamento entre União e Estado
O ministro da Educação, Camilo Santana, desembarca nesta quarta-feira (27) no Recife com uma agenda oficial centrada em compromissos com instituições federais e a Prefeitura do Recife, liderada por João Campos. Em nenhum momento, a programação divulgada contempla atividades no Palácio do Campo das Princesas ou uma agenda conjunta com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.
O ponto mais simbólico da visita será a assinatura de convênios e anúncio de investimentos para o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), com cerimônia marcada para acontecer no prédio da Prefeitura do Recife. O ato contará com a participação direta do prefeito João Campos, que já protagonizou acordos expressivos com o governo federal em áreas como educação básica e infraestrutura escolar.
Até o momento do fechamento desta matéria, a presença da governadora Raquel Lyra não constava na agenda oficial do Governo do Estado, o que reforça a percepção de ausência institucional do Executivo estadual nos compromissos do ministro da Educação em solo pernambucano. A governadora, apesar de chefiar a rede estadual de ensino, também não foi confirmada nas demais atividades do dia, incluindo o aulão do ENEM que ocorrerá no Ginásio Pernambucano, escola da rede estadual, no turno da manhã.
O gesto do Ministério da Educação pode ser interpretado como um sinal estratégico de aproximação com a Prefeitura do Recife e uma valorização do capital político de João Campos, nome em crescente projeção nacional. Ao mesmo tempo, a exclusão da esfera estadual da agenda reforça uma possível linha de distanciamento ou prudência institucional em relação ao governo de Raquel Lyra, cuja base política não integra o núcleo duro de apoio ao presidente Lula.
Nos bastidores, a leitura é de que há um movimento de reconfiguração de alianças em Pernambuco, onde o governo federal parece escolher com cautela os palanques que deseja valorizar. A presença destacada do ministro ao lado do prefeito do Recife, e a ausência da governadora nos anúncios oficiais, ainda que de forma velada, envia um recado que certamente será percebido por atores políticos locais.
A matéria não aponta rompimentos, mas evidencia um cenário onde o simbolismo dos gestos institucionais tem peso político. A escolha de onde e com quem anunciar investimentos, especialmente em ano pré-eleitoral, é parte fundamental do xadrez federativo e sinaliza muito mais do que o simples cumprimento de uma agenda.
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