O Tempo Iluminado dos Leões e dos Jovens Estudantes. Por Flávio Chaves
Um encontro emocionante entre a memória política de Pernambuco e a esperança viva da nova geração, em manhã histórica de autógrafos com Magno Martins, em Olinda.
Por Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc – A manhã em Olinda tinha algo de ancestral. O sol filtrava sua luz pelas janelas da memória, e no salão onde se reuniam jovens estudantes, parecia que o tempo, por instantes, deixou de ser linha para se tornar círculo. Um círculo sagrado onde passado, presente e futuro se tocavam.
Foi nesse chão histórico, entre paredes que já ouviram muitos passos e silêncios, que se celebrou algo maior do que um lançamento de livro. Celebraram-se destinos. Magno Martins, com a dignidade dos que não escrevem apenas com palavras, mas com vida, entregou aos olhos e mãos de adolescentes a sua mais preciosa construção: Os Leões do Norte.
É preciso dizer com todas as letras, ali não se entregou apenas um livro. Entregou-se um mapa. Um testemunho. Uma convocação. Uma herança simbólica que resgata a política como arte do encontro, da disputa limpa, da construção de projetos coletivos. Ali, cada jovem com seu exemplar na mão segurava, mesmo sem perceber, a tocha de uma linhagem.
As imagens captadas por Waleska Cambrainha, com o dom de quem enxerga além da lente, não apenas documentam o instante, elas o eternizam. Há nelas uma carga poética difícil de descrever: os rostos atentos, os olhos vidrados, as mãos segurando livros como quem carrega uma relíquia. Um silêncio reverente que gritava: “estamos prontos para ouvir, para aprender, para continuar”.
E por que isso é tão comovente? Porque neste país onde tanto se silencia, onde a juventude tantas vezes é desdenhada ou descartada, ver adolescentes pararem para escutar uma história que não é contada nos algoritmos, a história de Pernambuco, da sua política, dos seus homens públicos — é um gesto quase revolucionário.
Magno sabe disso. E por isso escreveu: “Tenho razão de sobra do meu dever cumprido!”. A frase parece simples. Mas carrega o peso de décadas de ofício, pesquisa, entrevistas, buscas incansáveis por veracidade e justiça histórica. Ele sabia o que estava fazendo, estava puxando um fio. E agora, graças a esse fio, novos tecelões da memória estão sendo formados.
Que outra emoção maior pode haver para um autor do que ver seu livro lido com olhos de descoberta? Que maior vitória do que ver o conhecimento romper as grades da superficialidade e encontrar morada em mentes sedentas?
Entre os personagens do livro estão Eraldo Gueiros, Barbosa Lima Sobrinho, Moura Cavalcanti, Cid Sampaio, Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos e tantos outros, há uma constância: todos eles, à sua maneira, acreditaram que a política é ponte, não palanque. É construção, não ruído. É entrega, não vaidade.
Hoje, esses nomes ganham novos leitores. E, mais ainda, novos guardiões. Porque cada jovem tocado por essas páginas talvez nunca mais veja a política da mesma forma. Talvez descubra que há grandeza sim, que há exemplos, que há caminhos.
Na terra dos quatro cantos, entre ladeiras e memórias, um novo ciclo começou. Um livro passou de mão em mão. E com ele, passou um pedaço do espírito de Pernambuco.
Quem esteve ali não testemunhou apenas um lançamento. Presenciou o encontro raro entre o saber e a esperança, entre os que vieram antes e os que virão depois. Presenciou o milagre da educação como chama viva.
E isso, meu amigo, é mais do que um dever cumprido. É uma missão consagrada.
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