O Direito à Palavra: José Paulo na Cátedra do Tempo

Há momentos em que a história se curva em silêncio para escutar a palavra que permanece. No dia 2 de dezembro, às 16h, na Biblioteca da Universidade Católica de Pernambuco, esse instante acontecerá: José Paulo Cavalcanti Filho, jurista, escritor, humanista e imortal da Academia Brasileira de Letras, será agraciado com o título de Doutor Honoris Causa, a mais alta distinção acadêmica da instituição que, um dia, o viu partir como aluno e que hoje o recebe como referência maior do pensamento e da cultura.

Esta não será apenas uma homenagem. Será um rito de passagem simbólico, um reconhecimento público de que há existências que excedem o currículo, que se tornam exemplares porque fazem da palavra uma responsabilidade e da memória, uma missão. José Paulo construiu sua obra no entrelaçamento raro entre o Direito e a Literatura, entre a precisão técnica e a vastidão do espírito. Seu legado é o de quem compreendeu que leis precisam de ética e que palavras, para serem justas, precisam ser verdadeiras.

Ex-ministro interino da Justiça, conselheiro de organismos internacionais, ensaísta premiado, estudioso de Fernando Pessoa e homem de ação pública, ele representa uma síntese difícil e necessária: a do intelectual comprometido com o mundo. José Paulo não escreve apenas livros, ele escreve horizontes, abre caminhos no pensamento brasileiro, amplia a sensibilidade de uma sociedade que tantas vezes se perde em formalismos e esquece sua essência humanista.

Ao conceder-lhe esse título, a Unicap também se vê homenageada. Porque reconhecer José Paulo Cavalcanti é reconhecer a importância de uma formação que integra razão e sensibilidade, técnica e consciência. É reafirmar que o ensino superior não deve se limitar a reproduzir conteúdos, mas a formar consciências críticas, éticas, criativas e profundamente humanas.

A cerimônia reunirá representantes de múltiplas esferas: do Direito às Letras, da política à academia, da cultura à memória. Todos irmanados pela certeza de que há pessoas que, ao serem homenageadas, devolvem em dobro o sentido da honra. José Paulo é uma delas.

E assim, ao subir à cátedra simbólica deste título, ele não apenas recebe uma honraria. Confirma o que sua trajetória já anunciava: que há homens cuja palavra não passa, que há vozes que não se calam, que há nomes que o tempo não leva, porque, com lucidez e coragem, eles lhe deram sentido.

Que esse momento histórico reverbere como semente, desafiando o tempo, convocando futuros.

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