A crônica domingueira. Por Magno Martins


Triunfo é um charme. Não dá para acreditar que, encravada no semiárido nordestino, onde a água é escassa, a seca mata o gado e até seres humanos, mesmo com forte estiagem, as noites são frias e extremamente agradáveis.
Na chegada do inverno, entre junho e agosto, a temperatura média é de 16 graus, podendo chegar a impressionantes 6 graus, um frio europeu, mas com a vantagem de não ser úmido. Bom para tomar vinhos, acender a lareira e degustar fondue de queijo e carne.
Nesta volta a Triunfo, ao pisar no chão de pedras do Pico do Papagaio, descobri em funcionamento, há sete meses, o Café do Brejo, extensão do hotel e restaurante no centro da cidade. Foi aberto pelo meu amigo Gabriel Althoff, que trocou Recife por uma aconchegante moradia no alto do Pico.
“Busquei qualidade de vida, estou no paraíso”, diz Gabriel. No seu novo local de trabalho, ao som do canto de pássaros, é possível matar o frio com saborosos cafés aromatizados, iguarias salgadas e doces, feitas por ele próprio, um tempero especial, fruto do aprendizado com a sua mãe Teca, a primeira a introduzir o café colonial na região.
Na vida que pediu a Deus, em meio a um verde deslumbrante, uma vista de arrepiar, Gabriel diz que não sente a menor saudade do Recife nem de qualquer ambiente urbano. Feliz, fez a cabeça do seu amigo Henrique, também do Recife, para se abraçar com Triunfo.
Henrique se dobrou aos apelos, se convenceu em abandonar a cidade grande e abriu, recentemente, a fazenda Santana do Vale, para produção de queijos finos de búfalo, que degustei no café de Gabriel. Em breve, Henrique vai construir sua choupana dentro da área da sua fazenda, seguindo o estilo de vida do amigo.
Encontrei uma Triunfo invadida por turistas, gente com perfil e cultura diversos. A cidade tem atrativos para todos os gostos, como o teleférico do Sesc, que proporciona vistas panorâmicas da cidade e região, incluindo o Lago João Barbosa Citônio, ideal para passeios e atividades ao ar livre.
Tem vários museus, como o do Cangaço e da Cidade, que preserva a história local, além do museu dos Caretas. A cidade conta ainda com o Teatro Guarany, a Igreja de Nossa Senhora das Dores, e o Pico do Papagaio, que oferece um mirante sensacional, onde fui, ontem, com minha Nayla, acompanhar o belíssimo e romântico por do sol.

Estar em Triunfo é querer parar no tempo. Triunfo é um respiro em meio ao caos, um reencontro com a natureza e consigo mesmo. É uma enorme obra de arte feita pela natureza com seu coração pulsando ao receber seus visitantes. Triunfo, como diz meu amigo poeta Flávio Chaves, não é apenas um lugar lindo, é uma estação em que a alma fala alto.
Triunfo, no coração da serra, é um desses espaços em que a geografia se curva à poesia e o tempo parece andar de mansinho, com passos de neblina. “Quando a névoa escorre dos céus e repousa sobre seus telhados antigos, é como se o próprio céu suspirasse. E nesse suspiro, o mundo todo se cala para ouvir Pernambuco respirando”, escreveu Chaves.
O prefeito Luciano Bonfim (PSD), que não se cansa em trazer mais novidades para aquecer o turismo da cidade, inovou, com emoção: agora tem “melodia” no lago João Barbosa Sitônio, o espetáculo das Águas Dançantes, uma fonte com jatos de água sincronizados com luzes e música.
O show, que combina “luzes, movimento das águas e trilhas sonoras”, acontece às sextas e sábados, às 18h30 e 20h, com música nacional e internacional, e está encantando moradores e turistas. São jatos de água em movimento que acompanham a música, com um jogo de luzes coloridas.
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