RECIFE ENGARRAFADO: O CAOS NO TRÂNSITO E A INDIFERENÇA DA PREFEITURA
Nesta terça-feira, o Recife viveu mais um dia de colapso viário. Foram duas horas e trinta minutos para percorrer o trajeto entre Boa Viagem e Casa Forte, em um deslocamento que normalmente não deveria passar de 40 minutos. O caos não foi surpresa. Bastou a chuva cair para que a cidade parasse. Mais uma vez.
Motoristas de aplicativo e de táxi relatam prejuízos severos. O tempo gasto em uma única viagem consome horas que poderiam ser divididas entre vários clientes, reduzindo drasticamente a arrecadação. A rotina de quem depende do trânsito para trabalhar vira um campo de frustração. O passageiro perde tempo. O motorista perde dinheiro. E a cidade perde dignidade.
Não é apenas em dias de chuva que Recife sofre. Embora a chuva agrave de forma dramática o trânsito, com alagamentos e bloqueios, os congestionamentos já são intensos mesmo em dias de tempo firme. A capital pernambucana figura entre as cidades com pior trânsito do país. Rankings internacionais, como o da empresa TomTom, já posicionaram o Recife como uma das cidades mais congestionadas do Brasil. Estima-se que o recifense perde até 92 horas por ano em engarrafamentos. Isso é mais de três dias inteiros preso no trânsito.
Entre os motivos, a drenagem urbana falha é um dos principais fatores. Chove e as vias alagam. Bueiros entupidos, asfalto precário e ausência de manutenção agravam a situação. A infraestrutura viária é deficiente, antiga e insuficiente para o volume atual de veículos. Faltam corredores exclusivos bem planejados, integração entre os modais e uma política séria de mobilidade urbana.
A Prefeitura do Recife permanece omissa. A gestão do prefeito João Campos tem priorizado obras pontuais, com apelo estético, mas não ataca os gargalos estruturais da cidade. A população quer respostas, não apenas inaugurações de efeito. Quer drenagem que funcione, vias transitáveis e tempo devolvido.
Enquanto a cidade parava nesta terça-feira, não havia registro claro da agenda oficial do prefeito na capital. Informações apontam que ele tem mantido compromissos no interior do estado. Uma ausência que aumenta a sensação de abandono. O recifense preso no trânsito quer saber: onde está o prefeito quando a cidade precisa dele?
A cobrança é urgente. A cidade não pode mais funcionar como um organismo colapsado a cada chuva. Recife não pode ser sinônimo de lentidão, alagamento e descaso. É hora de ação, não de discurso. A mobilidade não é luxo. É um direito básico. E está sendo negado todos os dias a quem vive e trabalha nesta capital.
A Prefeitura deve explicações. E deve, acima de tudo, soluções imediatas.
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