MAC de Olinda: Resgate político-cultural e reparação histórica
O compromisso foi firmado. Falta saber quando o Museu abrirá suas portas novamente, e se a cultura sairá, enfim, do papel.
A assinatura da ordem de serviço para o restauro do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC), ocorrida nesta quarta-feira (2), marca um ponto importante na agenda política e cultural do Estado. O ato, realizado pela governadora Raquel Lyra (PSD) e pela prefeita de Olinda, Mirella Almeida (PSD), tem um valor simbólico que extrapola os R$ 4 milhões que serão investidos na obra.
Antes de mais nada, é necessário contextualizar o histórico de abandono. Desde 2017, o MAC, um dos mais importantes equipamentos de arte contemporânea do Nordeste, estava fechado, à míngua, sob o silêncio da então gestão estadual do PSB. Foram anos de indiferença com um espaço que abriga parte fundamental da memória artística de Pernambuco. O descaso não foi apenas administrativo, foi também cultural, patrimonial e político.
Abordamos esse tema com firmeza tanto aqui no Blog e também no jornal Gazeta Pernambucana, cobrando publicamente a reabertura e denunciando a omissão que condenava o MAC ao esquecimento.
Agora, com o anúncio da requalificação, é preciso dizer que não se trata de um novo recurso: o valor já estava previsto e vinculado anteriormente, mas só agora foi efetivado com o peso político de um gesto público. O que muda é a visibilidade e o momento. E aí entra o componente político.
A presença da prefeita Mirella Almeida ao lado da governadora Raquel Lyra dá o tom de cooperação institucional. Mirella tem apenas seis meses de mandato e não disputa as próximas eleições, mas a cidade é Olinda, e o equipamento é estadual. Ainda assim, é natural e politicamente inteligente que a gestora municipal esteja presente num ato que se realiza no coração do Sítio Histórico de sua cidade. É uma forma de reforçar o compromisso com a cultura local, sem que isso signifique qualquer tipo de operação de resgate de imagem, até porque o desgaste político não se aplica ao seu curto período de gestão.
Para Raquel Lyra, o gesto é duplamente simbólico: representa a ruptura com o abandono herdado da gestão anterior e reposiciona o Estado como parceiro das cidades no resgate cultural. É também uma maneira de marcar presença em Olinda, cidade de grande valor histórico, turístico e estratégico para qualquer governante de Pernambuco.
O MAC não é apenas um museu. É um símbolo. Fica em um prédio do século XVIII, que já foi convento e sede do bispado, e que carrega em suas paredes a respiração de séculos de história. Está situado num dos sítios históricos mais visitados do Brasil. Sua reabertura tem impacto direto na economia local, porque a cultura e o turismo, essa indústria sem chaminés, movimentam emprego, renda e autoestima.
Portanto, o restauro do MAC é, sim, um avanço. Mas é também uma reparação. Que sirva como ponto de virada. Que esse investimento seja apenas o início de uma política cultural estruturada, duradoura, e que não trate o patrimônio como palco para um evento, mas como pilar de desenvolvimento.
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