O silêncio da bola. Por CLAUDEMIR GOMES
Por CLAUDEMIR GOMES
Com os três grandes clubes pernambucanos em ação na tarde do sábado, o Estado concentrou suas atenções no futebol. Sempre que acontece uma rodada na qual os nossos representantes estiveram em ação, em suas respectivas séries, procuro me inteirar dos acontecimentos. Sou fiel ao princípio que considero básico para comunicação: “Mais informação para formar minha opinião”.
Pois bem! De tudo que ouvi, e li, sobre a derrota do Santa Cruz (2×1) para o Barra, sob os olhares vigilantes e incrédulos de 45 mil torcedores na Arena Pernambuco; da esperada derrota do Sport (1×0) para o Fortaleza, na Arena Castelão, na Capital Cearense; e do empate do Náutico (1×1) com a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, em Campinas/SP, o que mais me chamou a atenção foi uma metáfora que o mestre Ival Saldanha postou nas redes sociais: “A bola ficou em silêncio neste final de semana no futebol pernambucano”.
Ival possui uma habilidade diferenciada no trato com as palavras, fruto de sua paixão pela leitura. Um ser humano cuja sensibilidade acentuada é traduzida pelo seu amor aos animais. O futebol é sua diversão favorita, razão pela qual sempre expressa sua opinião. Afinal, torcedor que não dá pitaco não é torcedor.
“A bola ficou em silêncio) foi a forma sutil do autor dizer que o futebol pernambucano viveu um choque de realidade. Afinal, a ansiedade, os desejos e sonhos expressos pelos torcedores tricolores, rubro-negros e alvirrubros, não condiz com a qualidade do futebol praticado pelos times que torcem.
Parto do princípio de que, não se pode exigir futebol de boa qualidade numa quarta divisão. O fato de o Santa Cruz ter chegado à condição de finalista do Brasileiro da Série D, não quer dizer que o time tricolor pratique um bom futebol. A ausência de títulos nos últimos anos, e o fato de que, nas últimas duas décadas o Santa Cruz disputou sete edições de Série D, e sete de Série C, justifica a euforia dos tricolores com a iminência da conquista de um título nacional.
Afirmo sem medo de errar, e sem a preocupação de agradar: o grupo é limitadíssimo, precisa passar por uma grande reformulação, e o acesso não pode servir de garantia para a permanência de um técnico de quarta divisão.
A vitória sobre o Corinthians, na rodada anterior, na Ilha do Retiro, levou os torcedores do Sport a pensarem na soma de mais três pontos no confronto com o Fortaleza, no Castelão. Ledo engano. Na queda de braço entre o lanterna e o vice lanterna, o Tricolor mostrou porque está mais propenso a se livrar da degola do que o Rubro-negro Pernambucano. O Sport tenta sobreviver na Série A com elenco e técnico de Série B. O cenário é a resultante da série de equívocos cometidos pelos atuais gestores do futebol na montagem e reformulação do grupo.
Vencer a Ponte Preta no Moisés Lucarelli, após amargar duas derrotas em casa, era tarefa difícil para o Náutico. Mas o técnico Hélio dos Anjos, e seus comandados, encararam o desafio de frente e construíram uma vantagem parcial de 1×0. Apenas esqueceram que o jogo só termina quando acaba. Sofrer um gol nos acréscimos para quem estava voltando a ficar “bem na fita”, na briga pelo acesso, foi o mesmo que nadar e morrer na praia. Apesar de o Guarani ter sido derrotado pelo Brusque (3×1), o Bugre segue na vice-liderança do grupo. Náutico e Guarani se enfrentam no próximo final de semana, em Campinas/SP.
Pois é meu caro Ival Saldanha!
O futebol pernambucano se apequenou demais. O choque de realidade imposto pelos resultados do final de semana explicam “o silêncio da bola”.
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