O barco flutuando na indiferença na COP30: O Conforto Blindado de Lula e o Caos em Belém; veja o vídeo

Enquanto Belém sofre com um colapso logístico histórico, a escolha presidencial por um barco-hotel de luxo simboliza o abismo entre o discurso de justiça climática e a prática de um conforto seletivo e blindado.

Enquanto Belém enfrenta o colapso logístico de sua história, com hotéis superlotados, diárias mais caras que Nova York e moradores transformando suas casas em hospedagens de emergência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja escolheram um refúgio distante da realidade paraense: o Iana III, um barco-hotel de luxo fretado exclusivamente para sua comitiva e atracado na segura Base Naval de Val-de-Cans. A imagem do casal presidencial em seu deck privativo – ele em conversas descontraídas, ela dançando, enquanto a cidade sofre para acomodar delegações internacionais e jornalistas, tornou-se o símbolo mais eloquente do abismo entre o discurso de justiça climática e a prática do privilégio. A justificativa oficial de “segurança, preço e conforto” soa como uma ironia diante do cenário caótico que levou países a ameaçarem boicote e os Estados Unidos a evitarem o envio de representantes de alto escalão.

A segurança presidencial, ainda que compreensível, transformou-se aqui em um isolamento simbólico. Enquanto a população enfrenta bloqueios viários e restrições de circulação devido à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), medida negada ao Rio de Janeiro durante sua crise recente, o presidente observa a cidade de um enclave inacessível. Essa não é apenas uma proteção física, mas uma barreira contra a constrangedora realidade de uma conferência climática que não consegue lidar com sua própria logística. A alegação de “preço vantajoso” no fretamento do barco perde completamente o sentido quando examinada sob a luz do Tribunal de Contas da União, que identificou indícios de superfaturamento de até 1.000% em contratos da COP30. Num evento marcado por denúncias de gastos inflados, a transparência sobre os valores reais do aluguel do Iana III torna-se questão de legitimidade.

O conforto presidencial, portanto, vai muito além do bem-estar físico, converte-se em uma afronta à coerência. Como pode o Brasil liderar discursos sobre justiça climática e transição ecológica justa quando seu principal representante se hospeda em um oásis de luxo flutuante, distante dos cidadãos comuns que enfrentam transporte precário e hospedagem improvisada? A cena do barco-hotel particular ecoa o pior do simbolismo político: enquanto Lula fala em proteger a Amazônia e seus povos, sua escolha de hospedagem envia a mensagem clara de que alguns estão acima das dificuldades que afetam todos os demais. Esta COP30, que deveria ser o palco da reconciliação entre humanidade e natureza, começa com a imagem marcante de seus anfitriões navegando em águas tranquilas, enquanto Belém naufraga no descaso.

VÍDEO:

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