A crônica domingueira. Por Magno Martins
Por Magno Martins – Jornalista, poeta e escritor – No jornalismo, não sou uma ave solitária na contribuição de um pouco, uma gota no oceano, no resgate da história política de Pernambuco com “Os Leões do Norte”, 22 minibiografias de governadores. Acabei de ler, de um só fôlego, “Visionárias, a presença das mulheres na história de Pernambuco”, da minha amiga jornalista Danielle Romani.
Num trabalho de garimpagem raro, minucioso e sintético, Danielle traz ao público e, principalmente, às novas gerações, um minúsculo perfil de 40 mulheres revolucionárias, que deram o seu sangue em busca dos direitos das mulheres, na defesa intransigente do Estado, colocando em risco as suas vidas contra inimigos invasores, como os holandeses.
Nomes como Bárbara de Alencar, a primeira mulher presa política no Brasil, incluída no Livro de Aço, exposto no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. Mulheres como Gertrudes, que se rebelou contra os poderosos da Corte Portuguesa na Revolução de 1817, tornando-se uma de suas mártires.
Ou Clara Maria do Café Carvalhista, a revolucionária na Confederação do Equador, levante que gerou outro herói: Frei Caneca. Clara estava entre os homens que enfrentaram os aliados de Dom Pedro na marcha em direção ao centro do Recife. Mulheres ainda como a guerreira Clara, da Batalha das Mulheres de Tejucupapo.
Ou também Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, e que teve papel fundamental na formação de Pernambuco, responsável pela criação e consolidação de Olinda como uma das cidades mais bem urbanizadas dos primórdios do Brasil colonial. “Ela é considerada a mãe dos pernambucanos”, escreveu Danielle.
Para a autora, que também foi responsável pelas próprias ilustrações do livro, como exímia desenhista, a invisibilidade costuma apagar a presença das mulheres na História. Daí, surgiu a ideia de escrever uma pequena história dessas 40 guerreiras. Guerreiras ainda como Muirã Ubi Tindara, filha do cacique Uirá Ubi, guerreira tabajara que ficou conhecida como a “Princesa do Arco-Verde”, pela excelência no manuseio de arco e flecha em defesa da sua tribo e do marido Jerônimo de Albuquerque.

O livro de Dani, como assim a trato desde os tempos em que atuou na cobertura política em Brasília, é um achado. Fácil de ler e de manusear, estilo revista. Na sua obra, também em destaque a primeira governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, a primeira deputada federal, Cristina Tavares, e a primeira senadora, Teresa Leitão, assim como outras mulheres em destaque na política, a exemplo da ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos.
Entre as mulheres políticas retratadas por Dani, convivi com a brava e inquieta Cristina Tavares, da família Tavares, de Garanhuns, a quem o saudoso Ulysses Guimarães dizia que “muitas calças do Congresso Nacional não valem as saias de Cristina Tavares”. Destaco ainda no livro de Dani personalidades como a médica Naíde Teodósio, Lia de Itamaracá, e Anita, a matriarca política de Macaparana.
Uma mulher com uma guerreira em sua alma é uma mulher que tem a si mesma, que compreende as suas sombras, que se eleva com a sua dança, que se faz consciente, que se compreende, que não tem um tom, mas um arco-íris.
A verdadeira guerreira do mundo. A pessoa que mais luta pelos seus ideais. Dani foi muito feliz na escolha da temática para o seu livro. Mulheres guerreiras não perdem tempo sendo vítima. Levantam, sacodem a poeira e vão à luta. Não é qualquer vento que derruba uma mulher guerreira.
Se você acha que coragem, determinação e pulso firme combinam apenas com os homens, aconselho a ler o livro de Danielle Romani.




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