Carpina contra seus professores: quando cortar aposentadorias é cortar a esperança
Um grupo de aposentados de Carpina protocolou nesta quinta-feira, 18 de setembro, um requerimento à Subprocuradoria Geral de Justiça em Assuntos Jurídicos, pedindo a suspensão da aplicação da Lei nº 01/2025. A medida impõe uma cobrança extraordinária sobre aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo, com início previsto para outubro. A legislação está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal, onde aguarda decisão do ministro Gilmar Mendes quanto à sua constitucionalidade.
Os aposentados denunciam que os descontos vão piorar a situação de quem já vive com dificuldades. Muitos deles mal conseguem pagar aluguel, comprar medicamentos ou honrar dívidas com empréstimos. Para quem já trabalhou uma vida inteira, esse corte representa mais que um prejuízo financeiro. Representa um golpe na dignidade.
Entre os mais atingidos estão os professores aposentados. Homens e mulheres que dedicaram décadas à sala de aula, à formação de crianças, jovens e adultos. Cortar a aposentadoria dessas pessoas é mais do que insensibilidade. É falta de compromisso com a história de um povo. É desprezar o valor de quem construiu a cidade com esforço, conhecimento e amor pela educação.
Não é a sociedade que está atacando seus professores. É o gestor público. É quem tem o dever de proteger, mas escolheu penalizar. Quando um gestor age assim, ele está trabalhando contra as famílias, contra os cidadãos, contra o futuro de Carpina.
A missão de um professor não se encerra com a aposentadoria. Mesmo fora da sala de aula, muitos seguem sendo referência, conselheiros, presença ativa nas comunidades. Desrespeitar esses profissionais é uma forma de enfraquecer os valores da cidade.
Paulo Freire dizia que educar é criar possibilidades para a construção do saber. Nelson Mandela defendia a educação como a maior arma de transformação social. Ignorar a importância do professor é romper com esses princípios. É negar a própria civilização.
O que se vê em Carpina é um gesto que não tem justificativa moral. Se a medida está sob análise do Supremo Tribunal Federal, por que antecipar seus efeitos? Por que sacrificar quem mais precisa? Isso não é gestão pública. Isso é abandono.
O Ministério Público tem a responsabilidade de intervir, avaliando os impactos dessa cobrança e protegendo os direitos dos aposentados. A população também deve cobrar explicações e exigir respeito. Professores não são números no orçamento. São pilares da sociedade.
Carpina tem a chance de corrigir esse erro. Valorizar seus educadores é valorizar sua própria história. É garantir que a cidade não ande para trás. Porque quando se corta de quem ensinou, o que se tira é muito mais que dinheiro. É dignidade. É gratidão. É justiça.
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