A INCERTEZA DE UM SONHO. Por CLAUDEMIR GOMES

  Por CLAUDEMIR GOMES  –   As últimas notícias vinculadas na mídia nos deixam com o sentimento de que, o grande adversário do Santa Cruz é o próprio Santa Cruz. Eis a razão pela qual a Sociedade Anônima do Futebol – SAF – sonho de redenção do clube tricolor, sofre a ameaça de se transformar em pesadelo.
A renúncia do presidente do Conselho Fiscal do Santa Cruz, o desembargador aposentado, Bartolomeu Bueno de Freitas Morais, sob alegação de que sofreu ameaça de morte por ter dito que “o estádio do Arruda não pode ser transferido para os futuros controladores da SAF do clube, a Cobra Coral Participações S/A, em função de uma lei municipal” é o atestado deste momento marcado por incertezas.

A reunião do Conselho Deliberativo que estava programada para a noite da quinta-feira (03/07/25) foi suspensa e a boataria passou a correr solta nos corredores das Repúblicas Independentes do Arruda que foi transformada numa autêntica Torre de Babel.
A Sociedade Anônima do Futebol sempre foi vista como a alternativa mais viável para recolocar o Santa Cruz na trilha do crescimento. A parceria com novos investidores, dentro de um modelo que botará a agremiação em sintonia com o que está sendo adotado por grandes clubes brasileiros e europeus seria a conexão desejada por nove entre dez torcedores do clube do Arruda.

O primeiro projeto de SAF para o Santa Cruz chegou a ser anunciado pelo ex-presidente Antônio Luís Neto. A época houve uma grande rejeição até porque ninguém (ex-dirigentes e conselheiros) tinha conhecimento de como funcionava uma S/A.

Com a chegada do novo presidente, Bruno Rodrigues, que tinha o apoio da maioria dos tricolores ilustres, o Projeto SAF ganhou força e saiu do papal antes mesmo das aprovações do Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Assembleia dos Sócios. O anúncio de que os novos investidores estavam injetando R$ 1 Bilhão no clube acordou a gigantesca torcida tricolor, uma das maiores do futebol brasileiro.
A narrativa despertou a torcida que é o patrimônio imaterial do clube, grande aval de que o Santa Cruz jamais deixará de existir. Investimentos foram feitos no time que apresentou uma reação imediata, sendo o líder do seu grupo na fase preliminar do Campeonato Brasileiro da Série D.

Enquanto os gols apareciam em profusão, a torcida vibrava com a chegada do novo tempo. Escudados na cláusula de confidencialidade, os documentos eram preparados em silêncio até que chegou o momento de torná-los públicos.

A transferência do Estádio José do Rego Maciel – Arruda – em definitivo para a Cobra Coral Participações S/A dividiu opiniões. Um choque de realidade. De um lado telúricos evocam a história do clube marcada por mutirões, entrega e suor de um povo apaixonado. Do outro, o pragmatismo dos novos gestores conscientes de que, o Santa Cruz, por si só, sem o respaldo dos investidores, não tem como recuperar o grande equipamento do seu patrimônio físico.

Ao longo dos anos, desde que houve a ampliação do Arruda com a construção do anel superior, a única intervenção de grande porte na estrutura do estádio foi feita pelo ex-presidente, Luiz Arnaldo Tavares Pessoa de Melo. Maquiagens aconteceram bastante, inclusive bancadas pela torcida.

Tenho conversado com ex-presidentes, conselheiros e tricolores ilustres. A maioria é favorável a SAF. Existe, inclusive, a sugestão de que se leve o impasse jurídico ao conhecimento dos vereadores do Recife porque a Câmara Municipal tem poderes para alterar a lei.
Os tricolores, por conveniência, evitam se aprofundar na discussão. Dizem que falta um entendimento.
“Nada sei!” É a resposta corrente.

Enquanto isso, os bastidores das Repúblicas Independentes do Arruda fervem.

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